Numa briga de bar o Pita levou um golpe de facão que decepou seu nariz. Pessoas que estavam presentes logo o socorreram, estancaram o sangue e apanharam a ponta do nariz que estava no chão, colocaram em um copo e cobriram com gelo. Colocaram o Pita em um carro e partiram para um hospital que ficava próximo.
Lá chegando foi prontamente atendido e encaminhado para a sala de cirurgia, O médico depois de examiná-lo viu que havia a possibilidade de implantar o nariz. Como não era uma operação complexa o cirurgião chefe encarregou um jovem residente para realizar a cirurgia. Quando o jovem médico descobriu o rosto do paciente, um misto de raiva e satisfação tomou conta dele.
O motivo: Voltemos no tempo, há um mês atrás quando o médico foi buscar sua noiva na escola de enfermagem na qual ela dava aulas, ao encostar o carro no meio fio deu uma pequena raspada em um carro que estava estacionado em frente a uma oficina mecânica.
Avisado, o mecânico saiu do prédio bufando de raiva gritando impropérios de todo tipo. O rapaz pediu calma, que ele arcaria com o prejuízo. Calculado o dano, o rapaz deu-lhe um cheque e ficou tudo resolvido, foi quando a moça saiu da escola e quis saber o que havia acontecido, o rapaz explicou pegou-a pelo braço e foram para o carro.
O mecânico olhou para a moça fez um gracejo grosseiro digno de um cafajeste, eles entraram no carro, ele deu partida e foram embora. Em outras ocasiões o mecânico se insinuou com gracinhas para a moça, até que o segurança da escola lhe chamou a atenção e a coisa parou por ai.
Mas a raiva ficou impregnada no médico pelo vexame que passou. Agora, ali estava seu algoz indefeso a sua mercê. Sua raiva aflorou como um jato de petróleo rasgando as entranhas da terra, ignorou o juramento de Hipócrates e as conseqüências, e se pôs a operar.
Após operar e enfaixar o paciente, o médico mandou que o levassem para o aposento de repouso. Depois de dias na recuperação chegou à hora de tirar o curativo, o médico olhou bem de perto o paciente que demorou, mas o reconheceu. Então, pegou um espelho colocou na frente do paciente, que com um olhar horrorizado emitiu um grito terrível que encheu o médico de alegria.
O nariz havia sido implantado de cabeça para baixo, ou as fossas para cima. Resumo: Foi um verdadeiro tumulto no hospital, o paciente entrou em choque, o médico fugiu, o diretor foi chamado, virou um caos.
Depois que passou o choque o paciente foi sedado até que o problema fosse resolvido. Foi então marcada uma reunião para o dia seguinte para estudar a situação. Uma equipe foi reunida para resolver o que fazer. Após examinar o nariz chegaram à conclusão de que o quadro podia ser revertido, mas havia a necessidade de aguardar uns dias para evitar a necrose dos tecidos, e também tirar o paciente do estado de sedação.
Isto feito, explicaram a ele o ocorrido, o que ele entendeu, pois não havia outra saída. No terceiro dia o mecânico, que era um beberrão, sentia falta de tomar uns goles começou então a bolar um plano para dar uma saída para um bar que havia por perto. Durante o dia numa de suas idas ao banheiro adentrou em uma sala onde eram passadas roupas de enfermagem e apossou-se de um jaleco, colocou em baixo do pijama e voltou para seu quarto.
À noite, logo após a última passagem da enfermeira do dia, ele se levantou, vestiu o jaleco, se esgueirou pelo corredor, ganhou um pequeno jardim, saiu pelo corredor das ambulâncias e ao sair na rua dirigiu-se ao bar que ficava aberto até meia noite, comprou uma garrafa de conhaque e fez o mesmo caminho na volta; procurou no jardim um lugar mais escuro para não ser visto, em um canto do muro sentou no chão, abriu o litro e se pôs a beber.
Devido seu estado de fraqueza acabou dormindo mesmo quando começou a chover copiosamente. Dentro do hospital corria tudo normal até que a enfermeira da noite, fazendo a ronda nos quartos, notou a falta do paciente. Ela deu o alarme e todos se puseram a procurar, até que alguém notou uma pessoa sentada no chão encostada no muro sem a máscara de proteção.
Logo as pessoas o tiraram dali e o colocaram sob a marquise protegido da chuva. A seguir chamaram um médico que chegou logo e pôs a examinar o paciente que estava em estado de choque. Massageou o tórax, fez outras tentativas e não resolveu nada. Virou-se para as pessoas ao lado e disse que era tarde demais, ele estava morto.
Resultado da autopsia: Morte por afogamento. O jovem médico estava vingado.
Epílogo:
Desta vez o castigo não veio a Cavalo. Veio com o nariz virado e dono morreu afogado.
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